Facebook Twitter Google Plus

NOTÍCIAS

25-06-2015

Pesquisa sobre acessibilidade investiga o potencial do Makey Makey na educação

O Instituto Paramitas é parceiro demandante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, campus Guarulhos, na  pesquisa Acessibilidade TIC: acessibilidade ao currículo por meio das Tecnologias de Informação e Comunicação. O projeto, financiado pelo CNPq, investiga as possibilidades de utilização do kit Makey Makey  e da plataforma Scratch na acessibilidade de estudantes com deficiência e no ensino adaptativo.

O Makey Makey foi criado pela dupla Jay Silver e Eric Rosenbaum do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e permite a criação de diversos objetos interativos, utilizando uma placa de circuito, cabos condutores de eletricidade e cabos USB. A ideia do Makey Makey é que qualquer pessoa possa soltar a imaginação e dar novas utilidades para os objetos do dia a dia. “Inicialmente tem uma aplicabilidade lúdica, tem sido usado por algumas pessoas no contexto educacional e nós estamos pensando nele como um recurso de acesso ao currículo não só para alunos com deficiência, mas para uma turma toda dentro do ensino comum, por isso consideramos que ele pode favorecer a acessibilidade ao currículo em um contexto educacional inclusivo”, explica Mary Grace, coordenadora do projeto de pesquisa.

O projeto consiste na união de dois códigos abertos, o Makey Makey e o Scratch, para a criação de atividades pedagógicas voltadas para os primeiros anos do ensino fundamental e a produção de um guia de acessibilidade, utilizando os dois programas. São quatro fases: diagnóstico das necessidades da escola, elaboração de uma proposta, validação com os educadores, aplicação e produção de um guia para educadores e formadores.

A pesquisa está sendo realizada pelos alunos bolsistas do curso de licenciatura em matemática João Paulo de Oliveira Barros, Lucas Dechem Calanca, Peterson Santana Abrantes, Rodrigo Felício da Costa e Sara Santos Arantes, sob a orientação das professoras Mary Grace Andrioli, Ana Paula Ximenes Flores e Gema Galgani Rodrigues Bezerra. Nesse momento a pesquisa está na etapa de observação das aulas de matemática para identificação de como esse recurso pode ser utilizado.

O projeto conta também com o apoio dos docentes do curso superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e do Curso Técnico em Informática para Internet, por meio dos professores orientadores Thiago Schumacher Barcelos e Rodrigo Bortoletto, além dos alunos bolsistas Julio Cesar Ávila e Andreia Botto que auxiliam quanto a programação com o Scratch.

A flexibilidade no uso dessas duas ferramentas criadas pelo MIT abre caminho para que os professores possam atender as necessidades específicas dos alunos. Além disso, é possível mesclar imagem, som, textos e estímulos sensoriais o que torna a atividade mais atrativa. "Como até massinhas podem ser utilizadas, o professor tem flexibilidade para criar acionadores de teclado em que os alunos utilizam da forma como se sentem mais familiarizados ou como o professor considera ser mais interativo e significativo.  Alunos com alguma dificuldade motora, por exemplo, podem ter acionadores em que utilizam os pés ou mesmo os braços, mas adaptado à parte do corpo que ele melhor utiliza”, conta Mary sobre o uso do kit.

A professora do curso de licenciatura em matemática Ana Paula acredita que a tecnologia é uma ferramenta para que os professores em diversos aspectos e que deve ser usada para aproximar os alunos das aulas utilizando o que está presente em sua própria realidade. “Vamos pensar atividades que sejam de fato inclusivas. Digo isso porque vamos pensar atividades para alunos com deficiência, mas que sejam acessíveis para a turma toda”, reitera a professora.

Ambos os materiais, Makey Makey e Scratch, possibilitam a criação de recursos com códigos abertos. Isso cria possibilidades para que os educadores utilizem materiais que não são direcionados para educação, mas que possam contribuir de alguma maneira para o aprendizado.

O projeto traz opções para que os educadores de diversas disciplinas possam utilizar a ferramenta nas suas aulas. Como uma forma de material de apoio, um dos produtos finais é a concepção de um guia com as atividades propostas aos professores das escolas e orientações sobre o seu uso. "Ainda estamos bem no começo, mas nosso esforço é no sentido de investigar as adaptações curriculares, com apoio de tecnologias, porque a diversidade de características dos alunos é incompatível com a padronização dos métodos, abordagens e mesmo recursos para promover a aprendizagem", conclui a professora Gema Galgani. 

 

Envolvimento dos alunos na pesquisa

A participação dos alunos na pesquisa oferece a oportunidade deles desenvolverem habilidades que serão usadas também profissionalmente. Os participantes da pesquisa cursam licenciatura e podem se destacar como professores que conhecem e uso a tecnologia como um meio para desenvolver atividades com os alunos. Também devem ser um incentivo para que outros professores utilizem também a tecnologia.

“Acredito que um dos pontos mais importantes seja compreender como ocorre o aprendizado de conceitos básicos. Além de ter experiência com TIC, imagino também que fará diferença ter contato com alunos com deficiência”, aponta Ana Paula, docente do curso de licenciatura em matemática. Ela destaca que os cursos de licenciatura tem pouco conteúdo voltado para o atendimento de alunos que tem alguma deficiência e quando o professor entra na sala de aula não sabe o que fazer. 

Para os alunos que estão participando a pesquisa é um momento de se aproximar da sala de aula criando uma nova perspectiva. “Todo o envolvimento com as pesquisas e leituras de livros e também escolha da metodologia usada tem aperfeiçoado meu conhecimento de maneira a voltar meu olhar para a educação com mais atenção”, contou Rodrigo Felício, um dos alunos que participam da pesquisa. Além disso, ele considera que a pesquisa vai o tornar um profissional mais capacitado para os desafios profissionais referentes à tecnologia e educação.

“Esse é o primeiro contato dos pesquisadores com os anos iniciais. A pesquisa possibilita que o grupo possa perceber como são construídos os primeiros conceitos com os alunos”, aponta o pesquisador Lucas Calanca. A pesquisa se dá nos primeiros anos do ensino fundamental, com observações e acompanhamento do desenvolvimento das aulas os alunos conseguem identificar quais as necessidades e oportunidades de trabalho que os professores têm.

Para o Instituto Paramitas a formação dos professores é essencial para que eles se sintam motivados e antenados com as novidades, aprimorando a sua atuação na sala de aula. A pesquisa proporciona essa formação de duas maneiras, primeiros os alunos, futuros professores, são beneficiados podendo ter o contato com diferentes ferramentas e aprofundando seu aprendizado na área tecnologia e de criação e, em segundo lugar, com a criação do guia os professores poderão usufruir do que foi pesquisando.

 

Por Jussara Caetano