08-03-2021
Lugar de mulher é onde ela quiser!” – essa frase carrega um histórico de luta e resistência. Em uma sociedade que impõem um sistema quase que dogmático de atuação, resistência é um ato revolucionário de conquista.
Nesse contexto, os estereótipos de gênero são um problema cultural que inicia na infância, abrindo caminhos distintos entre meninos e meninas.
Quando criança, estigmatiza-se o brincar, certamente, você já ouviu a frase "essa brincadeira é pra menino” sendo relacionada a carrinhos, futebol, videogames ou jogos de computadores.
Os desafios que as mulheres enfrentam para ingressar na área da tecnologia estão atrelados a cultura. Não é à toa que ainda é difícil encontrar mulheres nos cursos de Tecnologia da Informação e Ciências da Computação ou atuando em empresas de tecnologia, pois esta ainda é uma área de influência hegemonicamente masculina.
Com certeza, é preciso percorrer um longo caminho para superar essa cosmovisão patriarcal, mas também existem excelentes oportunidades. O Technovation Girls é uma dessas possibilidades, uma competição que reúne jovens garotas ao redor do mundo no intuito de incentivá-las a aprender e desenvolver as habilidades necessárias para solucionar problemas reais através da tecnologia.
Desde a chegada do Technovation Girls em Sergipe, várias equipes foram formadas, gerando um impacto positivo na vida dessas garotas, incentivando-as a programar, desenvolver produtos e empreender, além de participar da maior competição gratuita de desenvolvimento de aplicativos.
Conversando com a equipe AnimalLife, (@animallife2021) representantes do Technovation Girls Sergipe (12ª edição, temporada 2021) da cidade de São Cristóvão, que estão trabalhando com a temática do crime de maus-tratos aos animais, elas destacam que:
“A oportunidade chegou até nós através da nossa professora de matemática, do Centro Educacional Prado Meireles, Vivian, que atualmente é mentora voluntária do Technovation Girls no nosso estado, Sergipe. Enquanto nos explicava sobre o projeto, ficamos na mesma hora entusiasmadas e determinadas que o Technovation entrou para mudar nossas vidas, e que a partir dele podemos mudar o mundo”.
É preciso abrir caminhos para novas oportunidades, incentivando a liderança e o protagonismo dessa nova geração de mulheres. Por isso, a estrutura do Technovation Girls está estratificada em vários níveis de atuação, na formação de equipes de meninas - que se identificam como mulheres, mulheres trans ou não-binárias - a partir das divisões Júnior (10-14 anos) e sênior (15-18 anos). Além disso, a comunidade Technovation é composta por mentoras(es) e juízas(es), pessoas que se voluntariam para fazer parte dessa grande competição.
Para Amanda Tavares, inscrita como Juíza voluntária na temporada de 2021, ao ser questionada sobre a questão do gênero e tecnologia, ela afirma que:
“Eu sempre achei que deveria ter mais mulheres engajadas com a tecnologia. Infelizmente, ainda é uma área que atrai mais homens e nesse meio ainda há muito machismo. Inclusive, quando eu entrei nesse campo passou a ser uma questão para meus colegas de turma e de outros cursos também. Eu precisei me esforçar muito para que entendessem que ali era o meu lugar. Existia muito preconceito, dúvidas sobre a minha capacidade, empecilhos para me pedir ajuda. Eu acho que ainda existe muito tabu, mas também vejo que já diminuiu bastante e a tendência é normalizar o que já deveria ser normal”.
Joedna Barreto, que iniciou como mentora na 12ª edição, conta que o Technovation Girls proporciona o empoderamento feminino abrindo “espaços para que mulheres possam mostrar suas habilidades, incentivando as meninas a tomarem decisões, a argumentar, a criar novos conhecimentos a partir das ações, desenvolvendo a equidade de gênero”
Já para Lis Maria, mentora desde 2018, destaca que o maior legado do Technovation Girls “é mostrar a essas meninas que elas têm muito a oferecer e que não se resumem ao que a sociedade espera delas, elas podem ir muito além das suas expectativas, o mundo é delas!”.
Amanda Tavares | Joedna Barreto | Lis Maria |
Ao longo do texto evidenciamos algumas barreiras que as mulheres precisam transpor para ingressar na carreira em tecnologia no Brasil — um mercado dominado pela presença masculina — sendo uma delas a luta diária para demonstrar a qualidade do seu trabalho e provar que tem capacidade de liderança. A partir deste contexto, podemos destacar vários exemplos que podem inspirar a presença feminina nesta área, criando identificação e abrindo caminhos, pois o campo da tecnologia deve muito às mulheres, historicamente, elas foram as principais responsáveis pelos seus avanços.
As inscrições para a formação de times pelas meninas e mentoria, acaba no dia 12 de março de 2021, entre no site e se inscreva.
Para se candidatar a juiz é preciso ter feito a inscrição como Mentor.
Equipes de Sergipe - https://www.sergipe.technovationbrasil.org/
Equipes de outros Estados - https://www.technovationbrasil.org/
(Por: Isis Carolina Garcia Bispo)