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NOTÍCIAS

26-06-2013

A tecnologia em comunidades ribeirinhas

Para quem já usufrui da tecnologia todos os dias, ela é algo imprescindível, mas como será a vida em comunidades isoladas na Amazônia e como é a transformação com a chegada da tecnologia?  Maickson dos Santos Serrão, que mora na vila de Boim, comunidade ribeirinha que fica às margens do rio Tapajós, vivenciou de perto como a comunicação, tecnologia e o ativismo do jovem podem transformar a vida em lugares quase isolados do Brasil. “Não só a minha vida, mas a de muitos jovens foi alterada. Se aprendizagem é mudança de comportamento, realmente aprendemos. A internet possibilitou que ampliássemos nossos horizontes, nos deu asas, fomentou nossos sonhos, ampliou nossos conhecimentos”, mostra Maickson.

A região fica dentro de reserva extrativista, há 10 horas de barco da cidade de Santarém, no Pará. A comunidade, de 2000 habitantes, tem somente 3 horas de luz elétrica por dia e vive da pesca e da agricultura familiar. O morador da Vila de Boim e estudante de Educação Física da Universidade Estadual do Pará ajudou a fundar o grupo Jovens Unidos a Serviço da Comunidade. Com o apoio da ONG Saúde e Alegria, o grupo desenvolveu uma série de trabalhos voltados a educomunicação como um jornal impresso e uma rádio comunitária. Em 2008 foi inaugurado o Telecentro Cultural, espaço dedicado à inserção da comunidade ao mundo tecnológico e também a opções culturais. Mas somente em 2011 o projeto recebeu internet através do programa do governo federal GESAC.

Com a chegada da internet a vida da vila de Boim foi completamente transformada, se antes as pessoas só recebiam informação através do rádio e da televisão, com a internet foi possível abrir novos horizontes e poder ver um novo ponto de vista. Através dessa ferramenta e da articulação dos jovens, eles podem contar e, principalmente, preservar a memória dos habitantes da sua vila, que muitas vezes ainda têm resistência em ter contato com a tecnologia. “Quero que as pessoas saibam que num cantinho da Amazônia tem um povo que viu sua vida ser transformada a partir da comunicação. A importância que a comunicação e, principalmente, a internet trouxe pra gente, jovens protagonistas de sua própria história. Temos problemas sim, mas buscamos solucioná-los sempre com espírito bem alegre.”

No fórum de discussão Ser um cidadão do século XXI na Amazônia do Encontro Internacional de Educação, no tema 8 A Educação Permanente: aprendizagem formal, não-formal e informal, Maickson conta quais os anseios e as conquistas dos moradores dessa região e como a internet e a educação os ajudam a escrever sua própria história. “O jovem da Amazônia de hoje busca lugar na sociedade, quer ser respeitado, ter acesso a seus direitos, ser protagonista de sua própria história. Para que o jovem possa contar a sua própria história, não deixando que outros de fora façam isso, é necessário ferramentas. A informação é primordial nesse processo. A partir do momento em que a informação chegou pra gente, e com a facilidade da internet, decidimos mostrar para o mundo o nosso cotidiano, nossa cultura, nossas perspectivas, o que queremos e o que pensamos”, destaca Maickson.