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05-12-2014

Entrevista: Viagem por iniciativas inovadoras com Caio Dib

Em uma viajem pelo país o jornalista Caio Dib se propôs a descobrir projetos inovadores na educação, que transformam a vida das pessoas e das suas comunidades, depois de visitar 58 cidades ele compartilha no livro Caindo no Brasil – uma viagem pela diversidade da educação as principais iniciativas que encontrou. São compiladas no livro 13 alternativas educacionais que mostram como é possível melhorar a educação e encontrar soluções para os problemas. Veja o que ele conta sobre a construção do livro e as iniciativas mais marcantes que conheceu.

O que te inspirou a fazer uma viagem pelo Brasil em busca de escolas inovadoras?
 Queria sair do escritório para conhecer as realidades brasileiras, as iniciativas e pessoas que estão fazendo a diferença na Educação. Queria estar mais perto das pessoas e realmente ter esse "pé no chão da realidade" do nosso país.

De todos os projetos e escolas que você visitou qual foi a experiência mais marcante que você viu?
São inúmeros os exemplos de iniciativas que me marcaram. No livro Caindo no Brasil: uma viagem pela diversidade da Educação, conta a história de 9 escolas e projetos com realidades e ações distintas e de 4 pessoas com histórias que nos fazem lembrar de muita coisa importante na Educação. Gosto muito do cenário de Brasília, que está sendo cada vez mais uma referência em Educação Democrática. Iniciativas como a de Monique, do Desabafo Social, em Salvador também merecem destaque. Esse projeto me encanta muito porque, com pouquíssimos recursos, ela está conseguindo transformar a vida de crianças e jovens de periferias de 7 Estados brasileiros.

 Percorrendo todo o Brasil o que você encontrou de semelhante e a principal diferença na educação nesses diversos lugares? Você percebeu diferença entre nordeste x sudeste?
Em todas as iniciativas que visitei, havia uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas que agiam de maneira genuína para que aquele trabalho desse certo e continuasse. Buscava sempre ver mais a parte boa do que os problemas, já tão retratados pela mídia, mas ando bastante preocupado com problemas de ordem política: precisamos urgentemente olhar com mais atenção para os pilares "continuidade de ações", "burocracia" e "verba" para que as iniciativas ganhem mais força e relevância, independente de qual partido ou grupo político assume a gestão do município, estado e federação.

Ainda vemos hoje muita dificuldade das escolas em se adaptarem ao uso das tecnologias, na viagem teve alguma prática que mais te chamou atenção nessa área?
Vi pouca tecnologia de ponta sendo utilizada. Acredito e defendo que a melhor tecnologia é aquela usada nas horas certas. A tecnologia tem que ser mais uma ferramenta para facilitar o processo de ensino-aprendizagem dentro e fora das salas de aula. Um projeto que me chamou a atenção foi o EMITec, do Governo da Bahia. Eles usam aulas ao vivo por satélite para beneficiar mais de 15 mil alunos do ensino médio que moram em regiões onde existe um déficit de professores. Desta maneira, todos têm aulas de todas as matérias e a realidade local é respeitada e privilegiada.

Quais critérios você usou para escolher os 13 projetos que compõem o livro? Como foi esse processo de concepção do livro?
O principal critério foi a diversidade e o impacto local e regional: não existe uma única resposta para a Educação e muitas iniciativas estão fazendo a diferença em seus bairros e cidades. Também contei a história de 4 pessoas que nos fazem lembrar de coisas importante da educação, como os conhecimentos populares e a importância de olhar para os estudantes como pessoas e não como problemas.

Como esses projetos se relacionavam com as famílias e as comunidades? O que ainda temos a aprender sobre essa integração?
Os projetos mais significativos tinham uma cocriação junto com famílias e comunidades. As iniciativas precisam ser significativas para quem está envolvido e para a sociedade. Escolas como a Vivendo e Aprendendo, em Brasília, têm esse valor desde a essência (a Vivendo é uma escola associativa). Eles têm grande espaço para fazerem parte do cotidiano educacional). Iniciativas como o Bairro-Escola Rio Vermelho, em Salvador, também envolvem a comunidade para criar cidades educadoras.

Qual a essência da educação viva? Como ela transforma a vivência educacional de professores e alunos?
A essência da Educação Viva é acender fogueiras ao invés de encher baldes. Uma Educação que forma cidadãos ativos e críticos para a construção de uma sociedade melhor.

Você foi estagiário no Instituto Paramitas, quando estava aqui já imaginava tudo o que aconteceu nos últimos anos? A viagem, o livro e os apoios que recebeu.
Isso realmente não passou nem perto do que imaginava. A viagem e o que ela trouxe foram surpresas muito boas que mudaram minha vida.

Qual a contribuição que o Instituto Paramitas deixou na sua bagagem na área da educação?
 O Paramitas foi muito importante em todo o processo, principalmente por olhar a tecnologia como um caminho para mudar a vida das pessoas.

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Caio Dib é jornalista e ativista em Educação. Atuou em empresas como Colégio Bandeirantes, Fundação Padre Anchieta, Instituto Paramitas e Abril Educação. Em 2013, decidiu passar cinco meses viajando pelo Brasil para conhecer as diferentes realidades de seu país e práticas educacionais inspiradoras, idealizador do Caindo no Brasil